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quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Entidade quer fim de pornô em clínica de reprodução

A oposição à pornografia chegou até o único front onde seu uso parecia inquestionável, pelo menos por enquanto: as clínicas de reprodução humana. Uma organização britânica voltada para políticas públicas de saúde lançou um manifesto pedindo que as clínicas financiadas pelo governo deixem de oferecer material pornográfico aos homens submetidos à coleta de esperma. O argumento da organização, conhecida como 2020health, é que as publicações e os vídeos eróticos estimulariam “o adultério mental”. Aparentemente, um delito ainda mais grave na situação desses homens: eles estariam pensando em outra na hora de gerar um filho. A 2020health ainda levantou outras reclamações: o material pornográfico depreciaria a imagem da mulher e poderia prejudicar, inclusive, as mulheres que trabalham nessas clínicas. Além de causar dependência, disse a organização.

Antes de sair reclamando, a 2020health fez um estudo para medir o “fenômeno” nas clínicas de fertilização. O jornal britânico “The Independent” detalhou a análise. De acordo com a pesquisa, dos 93 serviços pesquisados, 33 deles colocavam material pornográfico à disposição dos pacientes. O que deixou os integrantes do 2020health mais irados foi descobrir que 18 clínicas usaram verba do governo para comprar revistas e DVDs com conteúdo erótico (as outras 15 ganharam de clientes ou das editoras). O gasto médio foi de 100 libras por ano, o equivalente a R$ 265. Mais ousada foi uma das clínicas que resolveu investir no bem-estar dos pacientes e desembolsou 7.350 libras (R$ 19 mil) em aparelhos eletrônicos para exibir os filmes com qualidade.

Há muita controvérsia sobre o uso da pornografia. Mas várias das afirmações feitas pela entidade britânica são questionáveis. Primeiro, “adultério mental”? Sério, isso existe? Segundo: gastar R$ 265 por ano com material de sacanagem é demais? Terceiro: o material pornográfico é considerado desnecessário nessa situação? Não é pedir demais aos homens? Mas o que mais me chocou nessa história toda foi um dos dados da pesquisa. Segundo o levantamento da 2020health, apenas 33 das 93 clínicas pesquisadas ofereciam material pornográfico. E as outras 60? Os homens tinham de levar de casa? Ou precisavam se excitar naquele ambiente asséptico das clínicas? Isso, sim, é que é sacanagem. ÉPOCA

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