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quinta-feira, 25 de março de 2010

Brasileiro disputará Mundial de Corrida Aérea

O piloto Adilson Kindlemann já apreciou dezenas de vezes o Cristo Redentor, o Pão de Açucar e a Bahia da Guanabara enquanto sobrevoava o Rio de Janeiro. Mas o voo que fará no dia 8 de maio, sobre as belezas naturais do capital fluminense, será diferente: um milhão de pessoas estarão observando suas manobras.

Paulista radicado em Curitiba, Adilson Kindlemann será o primeiro brasileiro a participar do Mundial de Corrida Aérea – competição que consiste em percorrer um circuito aéreo composto de obstáculos (cones infláveis) com um avião monomotor; ganha quem fizer o percurso em menos tempo e sem faltas. Serão oito etapas, a primeira delas na próxima sexta-feira (26) e sábado (27), em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. Será a estreia do brasileiro no circuito. Mas a cereja do bolo, para ele, será a terceira corrida, a do Rio.

Em 2007, a cidade sediou uma das etapas do Red Bull Air Race. Mesmo sem nenhum brasileiro competindo, mais de um milhão de pessoas estiveram no Aterro do Flamengo acompanharam a disputa. Neste ano, o cenário será a Bahia da Guanabara, e, pela primeira vez na história, um brasileiro estará entre os 15 pilotos.

Na véspera de partir para Abu Dhabi, Adilson concedeu entrevista ao R7. Falou sobre seu as expectativas para a estreia no Mundial, a etapa do Rio e o desejo de que o esporte que pratique seja popularizado no Brasil.

Leia os principais trechos da entrevista:

R7 – Como foi essa transição entre a aviação comercial e a de competição? Que tipo de semelhança você aponta entre as duas?
Adilson:
Na verdade não tive uma transição, pois a aviação acrobática sempre fez parte da minha vida. Como piloto de linha aérea, parte das minhas folgas eram dedicadas ao treinamento e shows aéreos. Tenho uma rotina na atividade acrobática que acabo usando na aviação comercial, que é a sequência lógica. Colocando essa lógica na minha rotina de trabalho, tudo fica mais seguro.

R7 – Qual é a preparação que você faz para disputar o Mundial de Corrida Aérea? Ela é muito diferente de outras competições de acrobacia, por exemplo?
Adilson:
Concentração é fundamental, o preparo mental faz toda a diferença e o preparo físico é necessário: boa condição aeróbica e muscular é indispensável. Durante a competição, nosso corpo é submetido à força G, que pode chegar a 10, 12 vezes o peso de nosso corpo. No entanto, a tolerância à força G só é ampliada com o voo. Somente voando é que o corpo se adapta a mudanças bruscas de força G. Hoje temos um detalhe na regra que determina um peso mínimo de 83 quilos para o piloto. Caso tenha menos que 83, deve levar peso para compensar. Estando acima dos 83 kg, esse peso a mais poderá atrapalhar a performance da aeronave. Comparando com as outras competições que participei, na corrida aérea tudo acontece muito mais rápido e a concentração deve ser ainda maior, pois o avião fica muito próximo do solo e são muitas variáveis envolvidas no voo.

R7 – Dá para ter pleno controle da aeronave voando tão perto do solo e na velocidade que voam?
Adilson: Para ser aceito entre os pilotos do Red Bull Air Race, durante o processo seletivo, os fatores determinantes são sua qualidade como piloto seguro dentro de uma situação de voo como a da corrida aérea. Isso exige muita disciplina e domínio da aeronave em condições extremas para deixar mínimo o risco e aumentar o fator segurança. Todos que estão aqui têm consciência dos riscos e são comprometidos em dar o máximo de segurança ao voo. Acho que cada esporte tem seu risco especifico, mas cada esporte tem também o atleta especifico que deve se comprometer que o primordial é a segurança ao esporte que pratica.

R7 - Sua presença pode ajudar a difundir o esporte no Brasil? Como é a recepção em outros países? Qual o país onde é mais popular?
Adilson: Acho que a presença de um brasileiro fará toda a diferença. Em todos os lugares por onde a corrida passa, o esporte é mais popular se tem um piloto daquele país participando. Um país como o Brasil, que ama a velocidade e que conquistou uma tradição na F1, tem obrigação de ser representado em uma competição mundial como o Red Bull Air Race. Quando a corrida esteve no Brasil, foi um sucesso, mas no fundo todos estavam sentindo falta de ter um representante nacional por quem torcer. No final, muitos ficaram com a sensação de que não seria possível ter um brasileiro entre os melhores do mundo, mas alguns acreditavam que isto poderia acontecer. Eu acreditei e trabalhei muito para conquistar nosso lugar. Agora começamos uma nova realidade para os brasileiros e para o esporte no Brasil. R7

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